Milton Lopes
Asta Siempre Helena ​​​
Meu bom amigo garçon, por favor, traz aqui na minha mesa mais uma garrafa do seu melhor vinho. eu só peço por obséquio que hoje você não deixe ninguém colocar uma moeda na vitrola para voltar a tocar essa música triste!. a meu caro amigo, é que essa música me faz lembrar dos cabarés em Las leñas, foi numa noite de boêmia dançando em um bordel, onde garboso cheguei no meio da noite e sentada em uma mesa avistei a bela e glamourosa Helena. foi nesse exato momento que essa música foi executada com maestrÃa por um cancioneiro. ela se levantou e veio em minha direção, e como boa puta que era percebeu que seria eu o escolhido a pagar pelos seus caprichos e ser o dono das suas vontades e desejos naquela noite. os teus olhos negros, os cabelos compridos e ondulados, a voz doce em meu ouvido a sussurrar mil promessas! e outras noites vieram por todos os bordéis de las leñas, o nosso jeito sensual de bailar era tão apreciado que de tão prazeroso se tornou profissão e o tempo se encarregou de nos levar a bailar desde o mais simples bordel até aos mais famosos cabarés, por toda a Argentina. Helena criou um número onde ao dançar nos mostravamos sensuais ao extremo. Os casais que nos assistiam ficavam enlouquecidos. quando a orquestra tocava essa música e ela surgia por entre as cortinas usando um longo vestido vermelho e num bailado erótico vinha rodopiando em minha direção que trajando smoking a esperava de mãos estendidas e quando ela se encaixava aprisionada em meus braços a orquestra parava a fazer suspense por alguns segundos e então eu a fazia girar e girar e a empurrando ao meio da pista!, a orquestra voltava a tocar e ela saia rodopiando pelo salão, o público ia ao delÃrio ao vela fingindo pudores cobrir os seios e o sexo com os braços, era ela a dona de todas as atenções, que ao voltar no mesmo rodopio e só de roupas Ãntimas aos meus braços enquanto eu ostentava o seu vermelho vestido como um troféu preso nas minhas mãos,e com trejeitos teatral assim bem canalha dizia; venga my corazón!. Mas um dia fomos convidados a dançar no melhor Cassino de Buenos Aires, para essa noite ela preparou com esmero um longo vestido branco e combinando com as cortinas vermelhas de fundo eu trajava um terno preto e amarelo. casa cheia com um público entusiasmado bailamos com ela mais empolgante do que todas as vezes em que a tive em meus braços, a orquestra fez a parada e Helena se aninhou em meu peito e me olhando no fundo dos olhos com uma lágrima aflorando disse; te quiero mi guapo, asta siempre!, Para o delÃrio do público e só para o meu deleite a beijei, e em seguida a fiz girar e a empurrei para a pista no preciso momento em que a orquestra voltava a tocar. Helena rodopiava sorrindo e acenava para o público como se estivesse se despedindo!.. e estava!, no meio da multidão um tiro, e como uma andorinha em pleno vou Helena foi alvejada. formou se um enorme burburinho e ali no meio do salão jazia ela, sem vida!, deitada no chão semi nua com o rubro sangue a escorrer em seu peito tingindo de vermelho o sutiã e a sua alva calcinha... os jornais noticiaram o acontecido com manchetes sensacionais por vários dias; fã mata dançarina por louco amor não correspondido. o vestido que ela usava no fatÃdico dia eu mandei emoldurar e guardei o quadro numa forma de homenagem ao seu último ato.
Garçom amigo, por favor me traz outra garrafa, hoje eu bebo em memória de Helena que a quarenta anos foi levada para bailar no Céu, não quero ser taxado de bêbado chato mas peço por obséquio que não deixe ninguém botar na vitrola pra tocar esse tango triste, de Carlos Gardel.